domingo, 1 de novembro de 2015

e não queremos poetas com fome





É o 6ºaniversário da partida de António Sérgio, e continuamos a sentir a sua falta tanto como dantes. Ninguém ainda foi capaz de voltar a surpreender-nos todos os dias com algo bom e diferente, não importa o estilo.

Há um ano, aconteceu a apresentação do documentário "Uivo", conjuntamente com com o livro "O Uivo da Matilha" no qual eu tive o privilégio de encontrar algumas palavras minhas impressas.
"Charles Sangnoir" é um dos artistas que de alguma forma foi apoiado por AS. Habitualmente, Sangnoir não compõe nem interpreta em português. Mas no final da sua belíssima performance, ele fechou aquela sentida homenagem agradecendo a Sérgio desta maneira:
Ditadura do mercado _ deixa-te cego e amordaçado _ é preciso um príncipe desencantado _ para dar conta do recado.
Quando o preço a pagar é enorme _ e não queremos poetas com fome _ e a luta é bem dura, mas nobre _ feita por gerrilheiros sem nome.
A moda sem neurónios _ precisa de novos demónios _ se a pop é mais do que plástico _ é preciso fazer algo fantástico.
Há um uivo, há um berro _ uma surda vontade de ferro _ de querer resistir, de lutar a sorrir _ que não é dos artistas o erro.
Há um uivo, há um berro _ uma surda vontade de ferro _ de não querer poder mais, de não sermos iguais _ e esse uivo está dentro de ti.

Peço desculpa pela qualidade da imagem. Foi o possível naquele ambiente emocional, intimista, de quase penumbra, com uma câmera de bolso :)